A falta de infraestrutura não pode impedir que
ocorram boas aulas. Veja como propor jogos e atividades de atletismo em espaços
adaptados.
Muito se fala sobre a ausência de quadras e
ginásios de esporte. Segundo dados do Censo Escolar de 2009 divulgados pelo
Ministério da Educação (MEC), apenas 31% das unidades de Ensino Fundamental têm
esses equipamentos. E mais: uma parcela considerável delas sofre com más
condições de conservação - o piso está rachado ou falta material, como tabelas,
redes e gols.
Essa realidade, no entanto, não pode ser um
impeditivo para aulas produtivas. Conforme consta nos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), "mesmo que não se tenha uma quadra convencional, é
possível adaptar espaços para o trabalho em Educação Física". Como fazer
isso? O primeiro ponto é entender que, na escola, o esporte não deve ter como
objetivo formar atletas olímpicos ou grandes talentos do futebol e do basquete.
Ele precisa ser pensado como parte de um trabalho amplo, capaz de levar os
alunos a participar de atividades corporais variadas, a reconhecer e respeitar
suas características físicas, assim como as dos colegas, e conhecer as diversas
manifestações culturais brasileiras.
Sendo assim, não é imprescindível contar com uma quadra oficial para que
a turma tenha a chance de desenvolver as habilidades esperadas. Adaptar as
regras de uma modalidade esportiva de acordo com os espaços disponíveis e criar
um jogo em que os conteúdos sejam trabalhados é uma boa maneira de driblar as
limitações e garantir um ensino de qualidade. O pátio interno, o jardim, um
campo gramado e até mesmo os arredores da escola podem ser aproveitados. Cabe ao professor pensar em alternativas: estender cordas entre árvores para que as crianças organizem uma partida de voleibol em pequenos grupos, pendurar pneus e aros nas árvores para funcionarem como alvos em jogos de arremesso e basquete, utilizar os desníveis de terreno e os materiais disponíveis como partes de circuitos de corrida com obstáculos são algumas sugestões apresentadas nos PCNs. Além delas, outras tantas possibilidades podem ser criadas.
O professor que observa as práticas que já fazem parte da realidade dos
alunos e tenta trazê-las para o ambiente escolar também costumam ter bons
resultados. Se os meninos jogam gol a gol (quando um bate o pênalti e o outro
defende) ou se a turma gosta de praticar vôlei em duplas na praia, por que não
aproveitar essas atividades como base para o planejamento? O importante é ter
claro o que se quer ensinar e, com base nisso, pensar na maneira como deve
adaptar os recursos físicos da escola.
Matéria publicada no site da Revista Nova Escola
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